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Sua autoestima anda meio "capenga"?

Como abrir uma conta bancária no País de Gales

Nesse segundo artigo sobre o País de Gales de A – Z, falarei sobre o sistema bancário no País de Gales.

É um pouco difícil falar sobre o País de Gales sem repetir dados que também são referência sobre a Inglaterra, Irlanda do Norte e Escócia, pois já que estamos todos no Reino Unido, as coisas são bem parecidas. Por essa razão, abordarei o assunto de maneira mais geral, incluindo informações sobre como abrir uma conta bancária.

Quando cheguei em 2008 – conforme já escrevi em um dos meus artigos – fui morar em um vilarejo. Lá, havia UMA agência bancária com dois caixas e um caixa eletrônico na parede, do lado de fora. É, você leu certo: na parede, sem portas acionadas pelo cartão do banco, sem segurança. Simplesmente um “buraco na parede” de onde se tirava dinheiro. Só acreditei porque eu mesma estava vendo – e usando.

Minha primeira experiência em abrir uma conta bancária no País de Gales não foi complicada. Na verdade foi bem simples. Eu tinha acabado de começar em meu primeiro emprego e como eles pagavam direto em conta, precisei abrir uma. Abri uma conta corrente para mim e uma conjunta com meu marido. Meu marido já tinha conta nesse banco há anos, então foi bem tranquilo. Precisei da nossa certidão de casamento, uma carta da escola onde eu iria trabalhar, meu passaporte e um comprovante de residência, nesse caso, ainda só no nome do meu marido.

Falarei sobre o Lloyds Bank porque foi o único banco com o qual trabalhei desde que me mudei para o Reino Unido. Abri conta nele em 2009, uma conta “Classic”, sem taxa alguma. Por ser um tipo de conta super simples, só era permitido realizar depósitos e saques (para abrir outro tipo de conta é necessário uma quantia mínima em dinheiro). Depois de algum tempo, mudei para uma “Silver Account” que dá mais benefícios e a taxa mensal é muito baixa. Imaginem, pago £9.95 libras por mês! Os benefícios incluem: cheque especial, seguro de viagem britânico e europeu, seguro automotivo (é um seguro básico, mas cobre desde pneu furado na rodovia até reboque para a oficina mais próxima, no caso de o carro ficar sem bateria ou qualquer coisa assim). A mensalidade também inclui seguro de telefone celular no mundo inteiro contra roubo, perda e danos.

Se você está considerando se mudar para o País de Gales, abrir uma conta bancária dependerá de sua situação no país, do tipo de visto que você tem. Você precisa ser residente documentado e maior de 18 anos. “Residente documentado” pode significar que você é cidadão, ou é casado(a) com um cidadão, ou tem permissão para ficar no país por no mínimo 12 meses. Esse geralmente é o caso de estudantes com o visto Tier 4 (visto específico para estudantes de longo prazo). Eu trabalho na universidade e muitos alunos pedem cartas de status de estudante para abrir uma conta no banco. Essa carta diz o curso que você está fazendo e até quando vai durar. Se você trabalha, terá um documento do seu empregador para levar.

A Casa na Praia - Daniela Pesconi-Arthur - Como abrir uma conta bancaria no Pais de Gales

Photo by Angeline Rebecca

E como fazer? O que levar?

Você pode solicitar uma conta bancária pela Internet, via telefone ou na própria agência. Eu ainda acho que a melhor maneira é direto na agência. Nada como um pouco de interação humana, né?

Pela Internet você vai completar um formulário simples. Se quiser ter uma idéia das informações que eles pedem, pode visitar essa página (essa é a página do Lloyds Bank). Imagino que pelo telefone eles irão pedir as mesmas informações. Já com uma visita à agência, além da abertura da conta ser praticamente imediata – uma vez que você tenha os documentos em mãos – há a oportunidade de tirar dúvidas.

Além de documento que prove que você tem o direito de estar aqui estudando ou trabalhando, é necessário levar também um documento de identidade e comprovante de residência. O documento de identidade mais usado é o passaporte e o comprovante de residência provavelmente será uma carta da universidade (se você estiver morando em residência estudantil) ou o contrato de aluguel no seu nome.

Depois de aberta a conta é só esperar por seu cartão e senha, que chegarão separados, pelo correio.

Explicadas as praticidades, deixo algumas observações pessoais:

  • Embora existam alguns caixas eletrônicos que te cobram uma taxa para sacar dinheiro, 99% deles não te cobram NADINHA para tirar dinheiro de sua conta corrente, não importa qual banco seja. É como se você fosse cliente Itaú e quisesse sacar de um caixa eletrônico do HSBC.
  •  Em oito anos morando aqui, eu só usei UMA folhinha do meu talão de cheques. Aqui é mais comum pagar em dinheiro ou cartão de débito.
  • Se você não quiser, não precisa ir ao banco quase nunca. Maravilha, não é mesmo? A maioria dos pagamentos são feitos online, por débito em conta. Algumas contas (água, luz, gás) também podem ser pagas em lojas de conveniência.
  • A aposentadoria é paga direto na sua conta no banco.
  • Caso você precise ir ao banco, não precisa perder o dia inteiro de trabalho. Não há filas gigantescas. A maior fila que enfrentei nesses treze anos de País de Gales foi de 6 pessoas. Detalhe: havia 4 caixas. ?

Caixa eletrônico na St Mary Street, no centro de Cardiff (Foto: Google maps)

  • Os bancos daqui não têm portas giratórias, com alarme, onde você precisa esvaziar os bolsos e a bolsa. Também não há guardas armados na porta do banco.
  •  Outra coisa importante, principalmente para quem mora fora: até as contas mais básicas te permitem transferir dinheiro para casa (Brasil), receber dinheiro de casa, e também pagar valores mais altos, como aluguel ou a mensalidade do seu curso.

Agora é só usar a conta com responsabilidade!  E o próprio banco te ajuda a fazer isso, já que você pode saber tudo sobre ela pelo caixa eletrônico (como no Brasil mesmo), e também pelos extratos que eles te mandam. Se você precisar de ajuda, pode ligar ou visitar a agência (aqui elas abrem aos sábados).

Beijoca e inté!

A Casa na Praia - Daniela Pesconi-Arthur

“Texto publicado originalmente no site Brasileiras pelo Mundo, onde fiz colaboração mensal como colunista de agosto/2016 a outubro/2018.”

Brasileiras pelo Mundo - Daniela Pesconi-Arthur

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